quinta-feira, 26 de julho de 2007

US Open ameaça mudar sistema para definir cabeças

Irritadíssimos com o fato de ver os melhores jogadores estrangeiros no saibro europeu, os dirigentes da Associação Norte-americana ameaçam radicalizar. Estariam dispostos a determinar os cabeças-de-chave para o US Open em cima do ranking do "US Open Series", que é aquela sequência de torneios que antecede o último Grand Slam da temporada.

Na verdade, a criação do tal "Series" há três anos já havia sido uma medida desesperada para colocar em solo norte-americano os principais jogadores, tanto no masculino como no feminino. Afinal, eventos como Los Angeles, Indianápolis, Washington, San Diego e New Haven geralmente precisavam pagar altos cachês para as estrelas, que preferem ainda se preparar para o US Open somente nos dois Masters Series, no Canadá e Cincinnati. A premiação para os que chegam na liderança do "Series" é espetacular e motivadora: o dobro do valor que acumularem no US Open, ou seja, pode atingir até US$ 1,4 milhão.

Nada disso, no entanto, comoveu por enquanto Roger Federer, que provavelmente só atuará em Montreal, como tem feito habitualmente, e talvez Cincinnati. No entanto, o que enfureceu os promotores foi ver a presença de Rafael Nadal, Novak Djokovic e Nikolay Davydenko no saibro europeu, os dois últimos em eventos ATP de nível apenas médio.

Um artigo publicado nesta terça-feira no "New York Sun", assinado por Tom Perrotta, deixa evidente a indignação da USTA e sua impotência diante do calendário internacional, o qual o jornalista define como "caótico", cheio de razão.

O "Series", conta Perrotta, é importantíssimo para o tênis norte-americano, que atravessa momento delicado. Somados todos os eventos, gera mais de 200 horas de cobertura nas grandes redes abertas e a cabo, quase duas vezes mais do que antes de 2004. Ele mostra também que o calendário de grandes torneios nos EUA diminuiu de forma significativa, se comparado à década de 80, quando havia 20 para cada sexo. Hoje, são 13 ATPs e 11 WTA.

Em outro ponto do extenso artigo, o editorialista questiona a ATP por permitir que jogadores de ponta disputem torneios de menor importância e estende essa regra também para os norte-americanos, lembrando que Andy Roddick e James Black não deveriam trocar o saibro europeu pelo pequeno ATP de Houston, como costumam fazer.

E aponta, novamente com propriedade, que as autoridades máximas do tênis internacional não ajudam, como é o caso da transferência do Masters feminino para o Qatar, onde sequer os direitos femininos são respeitados. E brinca: "Quem sabe, a USTA deva oferecer o bônus de US$ 1 milhão para quem conseguir convencer os dirigentes a melhorar o calendário". Boa idéia.

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