segunda-feira, 23 de julho de 2007

Marcos Daniel: 'aqui não tem Ronaldinho'


O Brasil não tem mais um jogador de quem se possa esperar resultados fantásticos no Circuito Mundial. É fazendo essa dura constatação que o gaúcho Marcos Daniel, número 183 do mundo, encara, a partir desta segunda-feira, os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.

- Nós temos isso aqui. Se não der, não deu. Guga, nessa minha geração, pode esquecer, não tem. Se tivesse alguém muito bom, já estaria lá na frente. O pessoal gosta de fazer Ronaldinhos, mas não tem. Depois do Fino (Fernando Meligeni), que foi um cara extremamente competente, e do Guga, acabou.

De fato, desde que Gustavo Kuerten começou a sofrer com a lesão no quadril, vieram apenas dois títulos de ATP: um de simples (Ricardo Mello em Delray Beach/2004) e outro de duplas (André Sá/Marcelo Mello em Estoril/2007). O número 1 do país hoje é Flávio Saretta, apenas o 139º do ranking mundial. O outro representante do Brasil no Pan é Thiago Alves, 144º.
Por isso, adversários como o chileno Adrián García (141º), o peruano Ivan Miranda (231º) o mexicano Santiago González (426º) e os argentinos Horacio Zeballos (212º) e Eduardo Schwank (240º) têm tanta chance de chegar à medalha de ouro quanto os brasileiros.

A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) optou por não seguir o ranking mundial e convocar os três tenistas do Pan por índice técnico. O mesmo critério que deixou Marcos Daniel, ex-número 1 do Brasil, fora de duelos da Davis, enfim serviu para o beneficiar. Atual quarto tenista mais bem ranqueado do país, ele entra no lugar que seria do paulista Ricardo Mello, à sua frente na lista da ATP.

- O Chico (Costa, chefe da comissão técnica masculina brasileira) foi bem claro quando assumiu. Não tem ranking. Todo mundo teve as mesmas condições. Eu joguei menos que o pessoal todo e fiz umas três ou quartas-de-final (em Challengers) e passei o quali em Roland Garros. Não é uma Brastemp, mas é o que tem. Consegui bons resultados comparado com os demais. Ganhei de uns cinco ou seis top 100 este ano - comemora o gaúcho.
A opção por Marcos Daniel recebeu críticas por parte de Ricardo Mello. O número 3 do país disse não entender os critérios que o deixaram fora do Pan. O gaúcho se defende, lembrando de edições anteriores da Copa Davis.

- Quando eu era o número 1 (do Brasil) e os outros eram 140 (do mundo), ninguém falava nada quando eu ficava fora da Davis. Tive de engolir sapo e ficar quieto. Agora, quando o pessoal está na frente, quer que seja por ranking. O pessoal não vê determinadas coisas - rebate.

Em fevereiro de 2006, quando o Brasil enfrentou o Peru, Daniel era o segundo mais bem ranqueado do país, mas não foi chamado para o confronto. Dois meses depois, contra o Peru, o gaúcho foi enfim chamado, mas só atuou nas duplas. Para as simples, o então capitão Fernando Meligeni escalou Flávio Saretta (número 1) e Ricardo Mello (número 4). Em setembro do mesmo ano, na repescagem do Grupo Mundial, Daniel foi novamente preterido e ficou fora do grupo. Mello, novamente o número 4 do Brasil, e Flávio Saretta entraram em quadra para as simples.

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