sexta-feira, 13 de julho de 2007

Será que não dá para ser mais sério?

O Campeonato Brasileiro Juvenil deveria ser um evento de grande porte, com direito a um patrocinador de peso, a presença de todos os melhores do ranking, espaço para palestras e debates. Oportunidade para se colocar na mesa problemas e se discutir soluções, fazer o intercâmbio de informações e experiências neste vasto país de tantos contrastes. Mas não. Décadas a fio, o Brasileiro continua a ser quase uma obrigação para a Confederação, geralmente mais preocupada com o gigantismo e a receita de inscrição de seus quase mil participantes.

O que vemos acontecer agora em Brasília beira a total insensatez. O torneio de maior nível técnico da molecada é transformado num duelo de resistência física, onde se faz até quatro partidas por dia, algumas entrando pela madrugada, com pouco intervalo de descanso. Afinal, qual é a validade de um Brasileiro disputado desta forma?

Num momento tão delicado para o tênis, a entidade máxima ainda não entendeu que é hora de motivar e valorizar o sacrifício de tenistas, pais, técnicos e (poucos) patrocinadores. Ao contrário, dá as costas para aquelas centenas de sonhadores, que ainda são a razão deste mercado, mais interessada pelos seis privilegiados que vão jogar o Pan do Rio.

E, píor, não pode usar o Pan como desculpa para tamanha bagunça. Se houve imprevisto na mudança do calendário do torneio, antecipado em uma semana, isso foi há dois meses. Tempo de sobra para reorganizar o Brasileiro e, num último caso, cancelar a Copa das Federações, dando-se prioridade às chaves de simples e duplas. Ninguém parece se preocupar quanto custa para cada família a viagem de seu garoto para Brasília.

A CBT decidiu assumir o Banana Bowl e o resultado foi uma desastrosa promoção em 2005 e 2006 e o rebaixamento de nível. Depois, veio aquela vergonha internacional do confronto Brasil x Suécia pela Copa Davis, onde só não tomamos um W.O. e uma severa multa por bondade dos adversários e árbitros. Agora, essa balbúrdia em cima do tão importante Brasileiro, onde o hotel oficial, que é a Academia de Brasília, obviamente não comporta o tamanho do evento e obriga mais da metade dos participantes a ir para locais muito mais distantes.

Está evidente que a Confederação não tem capacidade de organizar com a decência esperada o seu próprio calendário. Será que não dá para levar o tênis um pouco mais a sério?

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