sexta-feira, 13 de julho de 2007

Garotos jogam de madrugada e pais ficam indignados

Se Brasília já é o centro de muitas discussões políticas, agora virou palco de confusões de porte menor, mas que envolvem diretamente o futuro do esporte brasileiro. No Campeonato Brasileiro Infanto-juvenil, maior competição do calendário nacional, além de brigas dentro de quadra, o que se vê são constantes reclamações e acusações fora dela por parte dos pais que vêem seus filhos em quadra até 2h da manhã por causa de problemas na organização.

O principal problema é que o torneio acontece ao mesmo tempo da Copa das Federações , ao contrário de anos anteriores, quando eram realizados em semanas alternadas. Para piorar, agora em 2007 a Confedeção Brasileira de Tênis manteve a quinta etapa do Circuito Unimed, que aconteceu em Uberlândia até o último domingo, e ainda foi obrigada a apertar as datas por causa dos Jogos Pan-americanos.

Assim, no Infanto-juvenil, os primeiros colocados de cada estado precisam disputar a chave de simples e duplas, além de correrrem para as partidas da Copa das Federações. Com isso, crianças de 11 e 12 anos chegam a disputar quatro jogos em um mesmo dia, muitas vezes sob forte sol, com o tradicional clima seco de Brasília e em quadras sintéticas, que geram maior impacto em suas ainda frágeis articulações.

Foi o caso de dois cariocas. Yuri Andrade, por exemplo, começou seu jogo na última quarta-feira às 22h e saiu às 0h40. Perdeu, mas se tivesse vencido, teria de estar em quadras às 10h no dia seguinte. Mais complicada foi a situação de Gabriel Cleto, que começou o terceiro set do seu compromisso quando Andrade deixava a quadra. Ficou até 1h30, e não agüentou as dores nas costas, abandonando o torneio.

De acordo com Paulo Costa, pai de um atleta na categoria 14 anos, a CBT não enviou representantes para o Brasileirão. Opinião corroborada pelo pai de Yuri, Jorge. E ambos exigem respostas para os problemas, mas evitam colocar a culpa em Paulo Fuchs, árbitro geral. Para eles, Fuchs tem feito o "impossível". "Ele tentou de tudo e é inocente nesta história. Tivemos uma reunião com os pais e tentamos trazer algum diretor da CBT, mas ninguém apareceu para dar satisfações", disse Andrade.

A CBT, através da assessoria de imprensa, admite que o calendário ficou apertado e que a decisão tomada neste ano falhou. E adianta que para 2008 a situação será regularizada, com a Copa das Federações acontecendo antes do Brasileirão.

A entidade confirma ainda que o problema aconteceu pela inclusão do Pan no calendário. Como a organização do evento resolveu começar a chave feminina no dia 18 de julho, obrigou os árbitros que estão agora em Brasília a irem para a capital fluminense na próxima semana.

No primeiro dia de Brasileirão foram realizados 172 jogos. A assessoria de imprensa garante que foi feita uma reunião com os representantes dos estados sobre a situação, na qual foi exposta a possibilidade de os tenistas jogarem quatro vezes por dia. Na ocasião, ouviu o "ok" dos presentes.

E também assegura que estes horários sempre aconteceram no torneio. Por outro lado, Yuri, que disputa competições federadas desde os 7 anos, garante que nunca havia passado por situação semelhante. De acordo com seu pai, os dias em Brasília prometiam serem bonitos, mas o que se viu foi uma "desorganização total".

"Estão todos muito nervosos aqui. Pais e tenistas. Cancelaram as duplas e tinha gente aqui que perdeu na primeira rodada que estava esperando para jogar. Aí foram embora. Depois chamaram de novo". Em relação a este problema específico, a CBT se defendeu ao dizer que arrumou outra academia para sediar a modalidade e que a programação já havia voltado ao normal nesta sexta-feira.

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